quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Garantindo resultados eficazes

Para Vicente Falconi, consultor e professor emérito da Universidade Federal de Minas Gerais, garantir resultados eficazes por meio de uma boa gestão depende de três pontos estratégicos:
1.Liderança
2.Conhecimento técnico
3.Método
Apesar da fórmula parecer simples, é necessário desenvolver um trabalho de auto-análise e desenvolvimento das pessoas da organização. Para Falconi, a liderança é o principal item para se chegar a uma gestão eficaz. “De nada adianta método ou conhecimento técnico se não existe liderança para fazer acontecer”, posiciona-se em seu livro “O verdadeiro poder”.
A boa governança, na visão do acadêmico é a condição fundamental para o exercício da liderança. Por isso, cabe ao líder criar metas executáveis e desafiadoras. Ao mesmo tempo ele deve promover o domínio do método pela equipe com crescimento constante nas técnicas e recursos de análise.
O líder também deve ter um perfeito gerenciamento da rotina, fornecer treinamento, inspirar as pessoas para sonhar grande, fazer coaching, promover a meritocracia, entre outros pontos. Resumidamente, liderar, na opinião do consultor, é “bater metas através da equipe fazendo certo”, como define em recente entrevista á Exame TV.
O executivo defende que alcançar os objetivos de forma ética e entusiasmada, sem ferir outras pessoas, também é o caminho para executar uma boa liderança. Sendo assim, a liderança envolve método, pois está relacionada a atingir metas; abrange cultura e recursos, porque requer o uso de todos os recursos humanos de forma eficiente e tomada de decisões baseadas em fatos e dados.
E quando se fala de meta, o executivo é enfático em suas obras de que a meta precisa ter um objetivo, um valor e um prazo. “Tem que ter um comprometimento”, reforça.
Sob o ponto de vista do conhecimento técnico, Falconi acredita que ainda há muita confusão entre conhecimento técnico e conhecimento de método. “Conhecimento técnico é o conhecimento relacionado com o processo no qual o indivíduo trabalha. Se alguém trabalha em marketing, deve ter conhecimentos profundos que são específicos dessa área”, conceitua o acadêmico em sua obra.
De acordo com Falconi, o método é o caminho para o resultado. “O método é então a essência do gerenciamento. Gestão é método”, conclui Falconi, em seu livro. Entenda-se por método a busca pela verdade, contida em informações organizacionais atuais, que serve de apoio para a tomada de decisão.
“A essência do trabalho numa organização é atingir resultados e, portanto, o domínio do método, por todas as pessoas, é fundamental. Isso é válido para todas as pessoas de uma empresa, desde seus diretores até os operadores, que devem ser envolvidos no método de solução de problemas para atingir os resultados necessários”, conclui.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Sistema de Saúde doente

Sistema de Saúde doente

Na última sexta-feira, 11/02/2011, no caderno cotidiano da Folha de S. Paulo, a matéria de destaque vem de encontro com o que eu já citei e foi comentado no post Hospitais sem Sofrimentos: nossos hospitais precisam melhorar demais o seu sistema de gestão! O título da matéria é "Incor amontoa 150 mil fichas de pacientes em sala".

Para quem não sabe, o Incor é o maior centro de cardiologia da América Latina e um dos 3 maiores do mundo em quantidade de atendimento e especialidades. Mas o que foi relatado está longe da excelência esperada para um hospital desse nível.

Não consegui acesso à matéria pelo site da Folha de S. Paulo, mas encontrei-a em outro site: http://www.advsaude.com.br/noticias.php?local=1&nid=6053



Como é citado na matéria, o nível de desorganização com os prontuários é enorme (vide foto). Os funcionários do hospital dizem que cerca de 30% dos prontuários não são encontrados. Além disso, existe um risco grande de incêndio no local. Outro ponto citado na matéria é com relação aos prontuários. Trata-se de um documento de importância vital para um bom atendimento e um bom tratamento dos doentes.

Agora, como é possível que algo tão importante seja tratado de forma tão inadequada quanto o relatado?

A administração do hospital disse que o espaço é insuficiente para manter uma boa organização e disse ainda que trata-se de prioridade zero a reforma e mudança para um novo local. As obras estão previstar para começar em Março. Acho que aqui cabe alguma reflexão.

Talvez seja mesmo necessário uma reforma para ampliação do local de armazenagem, talvez a capacidade esteja mesmo ultrapassada e impeça mesmo uma organização adequada, não questiono isso. A única dúvida pra mim ainda pertinente é: usar as técnicas de organização e limpeza (5S), sugeridas pelo hospital, irão mesmo resolver o problema ou em pouco tempo voltaremos a essa mesma situação?

Meu amigo Guilherme Carvalho, no seu post "5S como um meio, não um fim", abrange um pouco essa questão. Outros autores também tocam nesse ponto nos livros "Creating a Lean Culture", "Toyota way" e, mais recente, "Toyota Kata". No fundo todos concordam com um ponto: é preciso um processo robusto, com pessoas devidamente capacitadas para manter um nível exceLEANte!

A simples reforma do local onde são armazanados os prontuários não irá garantir que o processo melhore, que os 30% de prontuários não encontrados sejam agora encontrados. É preciso agir no processo. É preciso agir no modo como as pessoas encaram os problemas, se adaptam frente a eles e inovam em soluções. Se nada for feito nesse sentido, em pouco tempo teremos um local novinho e bagunçado, com o mesmo nível de problemas que temos hoje.

Outro ponto de reflexão que atinge hospitais e mais especificamente os serviços públicos: se é "prioridade zero", por que só vai começar em Março? Quais são as causas de tanto tempo para aprovação de uma licitação?

Aqui, o Mapa de Fluxo de Valor ajudaria a responder tais questões. O que está claro é que existe um grande gap entre urgente e importante e existe, ainda mais, uma série de atividades que não agregam valor que fazem com que atividades urgentes e importantes sejam postergadas.

Uma pena ver que isso está acontecendo em um serviço que deveria ser um exemplo de excelência dada a sua importância: o sistema de saúde.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Bom senso ou Padrão?

Bom senso ou Padrão? 


por Luciano Peloche
Talvez a ferramenta Lean mais praticada e conhecida seja os 5S. Eu procuro praticar os 5S não só no ambiente profissional, mas também procuro colocá-los em prática no meu cotidiano. Para quem não sabe o que são, vejam a definição:

O 5S é uma ferramenta de trabalho de origem japonesa que permite desenvolver um planejamento sistemático de classificação, ordem, limpeza, permitindo assim de imediato maior produtividade, segurança, clima organizacional, motivação dos funcionários e consequente melhoria da competitividade. Os 5 Ss são:
  • Seiri: Senso de utilização. Refere-se à prática de verificar todas as ferramentas, materiais, etc. na área de trabalho e manter somente os itens essenciais para o trabalho que está sendo realizado. Tudo o mais é guardado ou descartado. Este processo conduz a uma diminuição dos obstáculos à produtividade do trabalho.
  • Seiton: Senso de ordenação. Enfoca a necessidade de um espaço organizado. A organização, neste sentido, refere-se à disposição das ferramentas e equipamentos em uma ordem que permita o fluxo do trabalho. Ferramentas e equipamentos deverão ser deixados nos lugares onde serão posteriormente usados. O processo deve ser feito de forma a eliminar os movimentos desnecessários.
  • Seisō: Senso de limpeza. Designa a necessidade de manter o mais limpo possível o espaço de trabalho. A limpeza, nas empresas japonesas, é uma atividade diária. Ao fim de cada dia de trabalho, o ambiente é limpo e tudo é recolocado em seus lugares, tornando fácil saber o que vai aonde, e saber onde está aquilo o que é essencial. O foco deste procedimento é lembrar que a limpeza deve ser parte do trabalho diário, e não uma mera atividade ocasional quando os objetos estão muito desordenados.
  • Seiketsu: Senso de Padronização: Criar normas e sistemáticas em que todos devem cumprir. Tudo deve ser devidamente documentado. A gestão visual é fundamental para fácil entendimento de cada norma.
  • Shitsuke: Senso de autodisciplina ou hábito,costume. Refere-se à manutenção e revisão dos padrões. Uma vez que os 4 Ss anteriores tenham sido estabelecidos, transformam-se numa nova maneira de trabalhar, não permitindo um regresso às antigas práticas. Entretanto, quando surge uma nova melhoria, ou uma nova ferramenta de trabalho, ou a decisão de implantação de novas práticas, pode ser aconselhável a revisão dos quatro princípios anteriores.
Um ponto muito comum de discussão durante a implementação é com relação ao bom senso. É um desejo comum nas empresas que exista um grau de liberdade no rigor da aplicação, baseado no fato das pessoas usarem o bom senso para saber quando está bom.

Particularmente sou contra! Se avaliarmos os consagrados sensos do 5S, não vamos encontrar o bom senso. Permitir que as pessoas o usem, nada mais é que a aplicação dos primeiros 3S que, se não evoluirem para os 5S, seguramente não vão perdurar.

Bom senso é algo individual, cada um tem o seu, portanto será fonte de problemas. O bom pra mim, é ruim para outro e ótimo para alguém. Para isso existem os dois últimos S (Padrão e Disciplina). Padrão evita o bom senso!

Posso citar como exemplo simples o trânsito. Alguém consegue imaginar, por exemplo, um trânsito sem semáforos, placas de sinalização, faixas, direção, organização? Seria um caos, não é verdade? Pois bem, como citei no post India: Maratona no Aeroporto, eu tive o prazer de morar e conhecer um pouco deste pitoresco país. Na cidade em que eu vivia (Vadodara), o trânsito era exatamente como eu descrevi no acima: não existiam semáforos, faixas, placas, organização, etc. Tudo era baseado no bom senso da população. O resultado: CAOS! Era comum levar mais de 1 hora para fazer o trajeto do hotel onde eu vivia até a fábrica, percurso que tinha 12 Km apenas. Vejam no vídeo amador que fiz de um dia voltando para o hotel (perdoem a narração).



Outro exemplo de como o bom senso pode ser perigoso: Certa vez, em uma implantação de 5S, ficou decidido que sobre as mesas de escritório só poderiam existir objetos relacionados ao trabalho. Para que não gerasse nenhum desconforto, permitiu-se que um objeto pessoal fosse colocado também, respeitando o bom senso. A foto fala mais do que qualquer palavra.



Como está seu bom senso? Padrão é o caminho!