sábado, 22 de outubro de 2011

ENGENHARIA: ESTIMATIVA OU CHUTE?


ENGENHARIA: ESTIMATIVA OU CHUTE?

Por Deoclides Queiroz
Em vários momentos da nossa vida profissional somos solicitados para avaliações em obras de engenharia.
São parentes que pedem para um puxadinho dos fundos, outros que aparecem com recortes de revistas de decoração e querem saber quanto vai custar colocar todos os recortes num terreno de 10 x 10m. Ou às vezes, o cliente que quer saber de “custos estimados“ para uma alternativa de projeto.
Os americanos chamam de “rule of thumb”, os suecos de “tummregel” e os argentinos de “regla del pulgar” às tentativas de uma aferição baseada na experiência do avaliador, sem ter contudo uma base cientifica ou instrumento de precisão. Esta expressão tem sua origem no uso, pelos antigos carpinteiros, do dedo polegar como unidade de medida de seus serviços.  
Indiretamente reflete a imprecisão ou a incerteza das medidas. Quanto mais se aproxima o polegar do objeto, mais precisão se obtém da medida. O balançar do polegar com o braço esticado a frente significa que uma estimativa está sendo produzida pelo sinalizador com uma precisão exata do “mais ou menos”. 
No Brasil, a expressão muda para o uso da palavra CHUTE. Como típico do brasileiro, a expressão foi buscada no futebol e representa uma tentativa de se acertar um alvo, uma meta ou um gol. A precisão da estimativa está na qualidade do avaliador no atingimento de sua meta.
Alguns colegas engenheiros definem a palavra CHUTE como um agrupamento de letras iniciais de ciências que se fundem para determinar a real acepção da expressão.
Assim, o vocábulo CHUTE representaria um Cálculo Heurístico UniversalTeórico Estatístico. Ou seja, um cálculo que se utiliza da Heurística - ciência baseada em experimentos anteriores; um cálculo que é Universal porque é de uso comum no Universo da Engenharia; é Teórico por que não é embasada em cálculos matemáticos ou fundamentos científicos e é Estatístico porque embute graus de certeza na predição.
O grau de certeza da precisão da estimativa tem sido exaustivamente discutido no âmbito da Engenharia e variado segundo o ponto de vista do avaliador. O ICEC, International Cost Engineering Concil, define margens de erro ou graus de variação de orçamentos baseadas em dados disponíveis, de acordo com a tabela abaixo:
Estudo de Viabilidade econômica
+/- 25% a 30%
Orçamentos com o Projeto Básico
+/- 10% a 15%
Orçamentos com o Projeto Executivo
+/- 5% a 10%

São valores reconhecidos internacionalmente que podem ocorrer em função das informações existentes no instante da avaliação.
Estudos de viabilidade econômica são elaborados a partir de um anteprojeto, com alternativas indefinidas e especificações genéricas. O grau de precisão é elevado face à incerteza dos dados disponíveis. Nesta etapa se define a viabilidade técnica e econômica do projeto.
Na etapa seguinte, de Projeto Básico, se elegem as alternativas técnicas e econômicas mais viáveis e são fornecidos os elementos necessários e suficientes para caracterizar as obras e/ou serviços e que possibilitem a determinação, do custo do projeto e definição de métodos e prazos de execução e com o nível de precisão adequado ao proprietário do empreendimento. Esta etapa consolida o escopo dos serviços.
Com o Projeto Executivo disponível, o grau de assertividade aumenta e a incerteza da precisão do orçamento regride. Nesta etapa, são contemplados os levantamentos topográficos, os ensaios e sondagens de verificações das condições locais do projeto, os detalhes construtivos, as especificações complementares e com estes elementos se reduzem as indefinições e incertezas que impactam os orçamentos.
Assim como os carpinteiros da Antiguidade que aproximavam o polegar do objeto trabalhado para ter precisão em suas medidas, é fundamental que os engenheiros tenham a responsabilidade de aprofundar-se nos detalhes de um projeto de modo a ter um maior grau de certeza em suas estimativas.
CHUTE...  somente para futebolistas. 

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P.S. quem não se utiliza de estimativas então use o CHUTE mesmo...calculo hipotetico universal dos termos estimados