Método de estimativa de duração de três pontos (PERT) usando análise de riscos
por Carlos Matarazzo
Todos sabemos o quanto é importante elaborar um cronograma realista e factível. Muito se fala de técnicas, mas pouco se diz como aplicá-las.
Apresentarei a seguir o método PERT associado a análise de riscos que acredito ajudar a estimar com maior embasamento a duração das atividades e ao mesmo tempo criar um registro de riscos importante para argumentar as possíveis variações de duração no decorrer e término das atividades.
Importante lembrar que a análise e histórico de controle de riscos desenvolvidos e as durações estimadas e reais deverão ser usados para compor as lições aprendidas. Assim trabalhos futuros serão estimados com mais conhecimento e precisão.
Primeiramente recomendo que comece a aplicar esse método não em todas as atividades do cronograma, pois pode levar muito tempo dependendo da quantidade de atividades e riscos relacionados. No entanto, selecione ao menos todas as atividades do(s) caminho(s) crítico(s) – lembre-se de que pode haver mais de um caminho crítico em um diagrama de rede.
Antes de estimar as durações das atividades faça uma lista de todos os riscos positivos e negativos conhecidos que podem ocorrer relacionados à cada atividade, como cada risco pode onerar ou contribuir em termos de duração e qual a probabilidade de incidência (baixa, média ou alta). Para determinar a probabilidade valerá sua experiência, mas se não tiver essa sensibilidade, consulte alguém que tem um histórico ou em última hipótese seja conservador e determine como alta probabilidade.
É preciso partir de uma estiva central que será utilizada posteriormente para aplicação dos impactos dos riscos. Neste caso não há muita alternativa. Algumas técnicas de estimativa são: paramétrica, análoga, com base em um experimento, delphi (pergunta-se a outros especialista e então inicia a consolidação das respostas) entre outras.
Selecione na lista apenas os riscos positivos – afinal coisas boas também existem – e negativos mais prováveis (alta probabilidade) de acontecer e determine aduração Mais Provável (MP) de cada atividade. Cuidado com as armadilhas do tipo ” Há baixa probabilidade de que um recurso falte. Logo há alta probabilidade de que o recurso não falte” – análise conhecida como árvore de decisão. Neste caso escolha apenas o risco positivo de que o recurso não falte, pois é o maior.
Selecione todos os riscos negativos previstos e determine a duração pessimista (P).
Selecione todos os riscos positivos previstos e determine a duração otimista (O).
Calcule a duração PERT de cada atividade, que é a duração considerando as 3 estimativas através da fórmula (O+4MP+P)/6.
Quando for executar a atividade de fato, monitore os riscos e assinale o que não ocorrerá mais e o que de fato ocorreu. Se no momento da estimativa você comunicou as durações e os riscos, então terá uma justificativa clara que foi combinada antes do jogo e não terá problemas em argumentar as variações. Ora, não é isso que também fazem os previsores do tempo?
Opcionalmente, para calcular o desvio padrão ou 1 sigma de uma atividade, que é o nível de confiança esperado, basta aplicar a fórmula (P-O)/6 e com seu resultado afirmar o seguinte: “Levo (O+4MP+P)/6 de duração para completar a atividade com mais ou menos (P-O)/6 tendo como base o nível de confiança de 1 sigma, isto é, 68,26%.”
Exemplo:
Atividade = criar um cubo de gelo de tamanho convencional para servir em copo de suco
Duração Central (neste exemplo, análoga) = 2 horas em congelador típico
Riscos:
1. + o congelador é de uma geração mais nova com capacidade de congelamento mais rápido (menos 1 hora) Baixa
2. – queda de energia por 1 hora (mais 1 hora) Baixa
3. – a água a ser utilizada está quente (mais 2 horas) Alta
Atividade = criar um cubo de gelo de tamanho convencional para servir em copo de suco
Duração Central (neste exemplo, análoga) = 2 horas em congelador típico
Riscos:
1. + o congelador é de uma geração mais nova com capacidade de congelamento mais rápido (menos 1 hora) Baixa
2. – queda de energia por 1 hora (mais 1 hora) Baixa
3. – a água a ser utilizada está quente (mais 2 horas) Alta
Otimista = 2h (palpite) – 1h (congelador de última geração) = 1h
Mais Provável = 2h (palpite) + 2h (água quente) = 4h
Pessimista = 2h (palpite) + 1h (queda de energia) + 2h (água quente) = 5h
Duração PERT = (O+4MP+P)/6 = (1+4(4)+5)/6 = 3,67 horas
(P-O)/6 = (7-2)/6 = +-0,67 dias = 1 desvio padrão ou 1 sigma
Mais Provável = 2h (palpite) + 2h (água quente) = 4h
Pessimista = 2h (palpite) + 1h (queda de energia) + 2h (água quente) = 5h
Duração PERT = (O+4MP+P)/6 = (1+4(4)+5)/6 = 3,67 horas
(P-O)/6 = (7-2)/6 = +-0,67 dias = 1 desvio padrão ou 1 sigma
Levo 3,67 horas de duração para completar a atividade com mais ou menos 0,67 horas tendo como base um nível de confiança de 68,26%* ou com mais ou menos 1,34 horas tendo como base um nível de confiança de 95,46% e assim por diante.
* Valores padrões:
1 sigma = 68,26%
2 sigma = 95,46%
3 sigma = 99,73%
6 sigma = 99,99985%
1 sigma = 68,26%
2 sigma = 95,46%
3 sigma = 99,73%
6 sigma = 99,99985%
Se desejar descobrir a duração somada de uma sequencia de atividades, no caso a sequencia do caminho crítico, nunca some os desvios padrões de cada atividade. Ao invés disso, primeiro eleve o desvio padrão de cada atividade ao quadrado (o que significa transformar em Variância), some as variâncias e aplique a raiz quadrada ao resultado.
Bons cronogramas!
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