No Bhagavad Gitá, um dos livros sagrados da sabedoria oriental, e ncontramos uma passagem muito bonita:
“Faz bem o que te compete fazer no mundo; cumpre bem as tuas tarefas”.
Num contexto mais amplo, esta passagem significa que não importa qual seja nossa tarefa e não
importa como ela se apresenta aos nossos olhos e aos dos que nos cercam – ela merece ser feita com qualidade.
Acontece que atuar, ou não, com qualidade é algo que não depende de processos, regras ou certificações, mas da vontade, do conhecimento e da ação: atributos pessoais. E quando falamos de pessoas, falamos de comportamento, compromisso, criatividade, falhas, resistências, dificuldades.
Falamos de tendências positivas e negativas, às quais devemos estar sempre atentos para mantêlas
em equilíbrio e assim assegurar nosso próprio bem-estar.
A pessoa saudável é reativa e busca melhorar-se e realizar seus objetivos.
É neste ponto, em particular, que me preocupo como gestor ......somos passivos e estamos na contramão da evolução ?
Esta reflexão pode levar a um diagnostico de passividade.
No mesmo livro sagrado, encontramos: “A atividade é melhor que ociosidade. A atividade fortalece a mente e o corpo e conduz a uma vida longa e normal; a ociosidade enfraquece tanto o corpo quanto a mente e conduz a uma vida importante e anormal, de duração incerta”.
Assim funcionam nossas equipes de projetos ou até mesmo as empresas ...
A forma como cada um se relaciona com o grupo e com os objetivos do projeto
é reflexo de como essa pessoa se relaciona consigo mesma.
Mais uma histórinha....
Deixem-me contar uma pequena historia que torna claro o que é comportamento passivo, ou como ele pode se expressar.
Um profissional se inscreveu em um curso de certificação PMP ,,,,quando questionado por mim se estava estudando para prova sua justificativa: faltava tempo, estava
sobrecarregado, precisava colocar em dia a correspondência, trabalho,etc...e por ai
afora. Resultado: mais tarde se inscreveu novamente !!!
e novamente ele deixou de estudar para prova ... Talvez um dia ele estude e passe...
“Ao ignorar ou adiar uma tarefa acumulamos nosso potencial criador e realizador, o que gera tensão ou agressividade.” (Joaquim Alberto Pereira)
Isto é Síndrome da Passividade: a fase da inércia passiva ou do nada faz. Inércia é a força que
nos mantém sempre na mesma.
O tempo passa e as coisas não acontecem, principalmente as que deveriam acontecer. Talvez, você, leitor argumente que o funcionário não estava parado, porque afinal fazia curso,ainda que de maneira insatisfatória. Não é bem assim. A Inércia, neste exemplo, esta em fazer sempre o mesmo movimento, de forma a nunca atingir objetivos.
A questão chave é: existe algo a ser feito que não esta sendo feito.
Como ninguém é 100% bom, nem 100% ruim, existem aqueles que, movidos pelo “incentivo” dos colegas ou pela pressão do chefe, iniciam um trabalho, que nunca concluem. São os quase faz.
Aqueles que iniciam a leitura de um livro várias e várias vezes e nunca terminam; ou que sempre abordam um colega de trabalho com o mesmo e inútil bordão: “Precisamos marcar aquela reunião”. O fato é que a situação pode se agravar e levar à acomodação (me lembra a plaquinha "Amanhã eu faço", ou o gerúndio estamos fazendo...).
É a segunda fase da síndrome do movimento ou simplesmente acomodação. O grande problema
desta fase é estabelecer prioridades. A reunião esta para começar, porém a pessoa ainda vai dar três telefonemas “importantíssimos”. O relatório deveria ter sido entregue até o dia 5, mas acontece que ela teve de participar do ciclo de reuniões sobre diversos temas...
Nessa fase, essa pessoa é incapaz de dizer não e tem uma grande duvida:
“Será que se eu fizer uma coisa que não seja de minha responsabilidade alguém poderá fazer a minha?”.
A acomodação pode durar muito tempo, até que uma luz dentro dela a faça ver que o tempo passou. Passou mesmo.
Vem, então, a fase mais estressante da síndrome da da recuperação do tempo perdido. O nome é meio assustador, não?
Trata-se do esforço para recuperar o tempo perdido, como se isto fosse possível...
É claro que problemas podem ser corrigidos, prazos podem ser prorrogados, mas o tempo...
Nessa fase, a agitação atua física e emocionalmente na pessoa.
Quando ela está agitada, o seu fluxo respiratório diminui, levando menos oxigênio ao cérebro. No campo emocional, aumenta a sua ansiedade, que gera mais adrenalina no sangue, provocando alterações no sistema imunológico. Como conseqüência ela se torna refém de pensamentos e decisões confusos, sem direção e, portanto, improdutivos.
Vale lembrar que a energia utilizada para não realizar uma tarefa é igual a que usamos para realiza – lá. Faz parte da natureza humana andar para frente, evoluir, realizar.
É assim que adquirimos a chamada “experiência de vida”. Portanto, ao adiar uma tarefa fazemos com que
nosso potencial criador e realizador se acumule no organismo até que este
não agüente mais. O individuo entra, assim, na fase da revolta passiva, que se manifesta de duas maneiras: ou ele descarrega as tensões sobre si e adoece, ou descarrega sobre os outros, através de comportamentos agressivos e até violentos. De qualquer forma, depois da descarga inicia-se
um novo ciclo, com a passividade sendo reforçada.
Mas, como resolver esse problema?
Muitos colegas se entusiasmam com novos projetos mas acabam deixando-se picar pelo vírus da passividade e não transformam sua vontade em ação.
Esperam que alguém lhes permita fazer isso ou aquilo e dizem que não adianta tentar, pois os superiores ou cliente boicotam..... Evidentemente existem dirigentes que querem mudanças para seus subordinados e não
para si, porem isso não pode ser um motivo para a passividade.
Precisamos entender que, por mais humilde que seja nossa função, somos capazes de gerar mudanças. O fato é que todas as partes são importantes para o funcionamento do todo. Os parafusos não são as principais peças de um motor, mas sem eles o carro quebra.
Regaste o prazer e o amor pelo trabalho, pois ele é instrumento de realização profissional e pessoal, por que separar uma coisa da outra? Será que alguém pode se realizar apenas pessoalmente, ou
apenas profissionalmente? Não será a realização, um sentimento global,
holístico, que inclui a vida como um todo?
Desde pequenos estamos habituados a ouvir mensagens sobre o trabalho, que contribuem para a formação de certas crenças: “trabalho é duro”, “somos escravos do trabalho”, ou “quem trabalha não tem tempo
para ganhar dinheiro”. O que falta para ocuparmos o lugar destas crenças com nossa energia criadora e de realização?
Todos precisam ter claros os objetivos da empresa. Afinal, como é possível se motivar por algo, se não sabemos do que se trata e como funciona?
As atividades a serem cumpridas exigem fundamentações. Temos necessidade de nos sentirmos importantes e de realizarmos um trabalho valorizado dentro do contexto geral da empresa.
Sair da passividade e entrar na superatividade é igualmente ruim.
A natureza nos mostra que depois da atividade vem o repouso, a preparação necessária para um novo período de atividade.
E o repouso é repouso mesmo: de corpo, mente e espírito.
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